terça-feira, 27 de julho de 2010

Só no passado

A primeira gota bateu suavemente contra a janela, mal anunciando a tempestade que iria começar. Uma típica tempestade de verão, para abrandar um pouco o calor.

Marina estava deitada na sua cama, tentando se refrescar na frente do ventilador. Vários álbuns de fotos espalhados por cima dos lençóis. Fotos de viagens, fotos de família, fotos de amigos. E várias fotos de Ricardo. Muitas fotos de Ricardo. Bonito como era, não é difícil de entender o por quê dele gostar de aparecer em tantas fotos. Narcisismo sempre foi uma marca registrada, não conseguia passar por nenhum espelho sem admirar um pouco a própria imagem. Por melhor que o topete estivesse, ele sempre parava para dar uma ajeitada final, tentando chegar o mais próximo possível da perfeição.

Ela recostou sua cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Puxando fundo da memória, podia sentir o perfume que exalava dele. Podia sentir seus dedos passando lentamente pela cabeça dele, desalinhando o topete tão perfeito. Podia sentir a pele macia enquanto mordia levemente sua orelha.

Lembrava-se de como Ricardo a pegava. Mãos fortes, abraço apertado. Do tipo que te envolve, te protege de uma maneira que você nunca imaginou que precisaria. Podia sentir o calor do corpo dele quando a abraçava por trás entre os lençóis e lhe lambia a nuca, provocando arrepios por todo o corpo.

Sua mão desce pelo seu corpo se alojando no meio das pernas. Adorava quando Ricardo fazia isso. Brincava nas noites frias dizendo que era o melhor lugar para aquecer as mãos. Geralmente era o início de uma noite de sexo caliente.

Ah... e como era bom o sexo com ele!! Poucos homens chegaram aos pés dele nas inúmeras transas que ela tivera. Ele tinha a pegada, ele tinha o calor, ele tinha a paixão. Puxava-a para junto dele e cobria-a com os beijos mais apaixonados que já recebera, carinhos suaves de quem quer bem e o vigor de um amante tendo sua última noite com a amada.

Sua outra mão começou a brincar com seus mamilos. As lembranças não paravam de aflorar, fazendo soltar um ou outro gemido enquanto brincava com seu corpo. Seus dedos penetravam seu corpo, estremecendo seu corpo e jogando alguns álbuns no chão.

Ah, Ricardo... ah, Ricardooo...

Já entregara-se à fantasia. Seus dedos brincavam vigorosamente entre suas pernas, enquanto sua outra mão se revezava entre apertar e acariciar seus seios e desarrumar ainda mais seus longos cabelos.

Ah, Ricardo... ah, Ricardooooooooo...

TRRIIIIIIIIIIIIMMMMM... TRRIIIIIIIIIMMMMMMMMMMMMMMMM....

A campainha. Marina pulou num susto na cama. Arrumou-se rapidamente em frente ao espelho e correu pra porta.

- Desculpa, esqueci a chave no escritório e ainda peguei essa chuva danada no estacionamento! Que droga!

Correu para o quarto se trocar. Voltou alguns minutos depois com sua tradicional bermuda larga, tentando esconder os quilos à mais dentro dela.

- Quero jantar logo, não quero perder o jogo hoje!! Tem algo para comer?

- Só um segundo que eu já preparo, Ricardo...

- E que bagunça de fotos é aquela na cama? Tinham várias caídas no chão!

- Ah... -
dando um suspiro - ...é que eu estava organizando alguns álbuns... Lembrando dos bons tempos, acabei derrubando algumas...

Indo pra cozinha, decidindo-se entre comida congelada ou pedir algo...

- Tem certas coisas que não voltam mais mesmo...
- murmurou baixinho.

2 comentários:

Sussurra no nosso ouvido, vai...